REPRODUÇÃO
DE 08.05.2001
14
ANOS ATRAS.
*(26.09.2015)
CARTA
A VOVÓ NA RUA DAS ESTRELAS
Dimitrius
Machado (Tinha 12 anos)
Por
> Neca Machado (Jornalista Colaboradora com DRT-AP, Administradora Geral,
Especialista em Educação Profissional, Licenciada Plena em Pedagogia, Bacharel
em Direito, Artista Plástica e Escritora)
Alguém
nesta semana me questionou QUAL a matéria jornalística que mais me marcou
( ) durante mais de 20 anos como
jornalista Colaboradora e Pesquisadora da Cultura da Amazônia,
EU
responderei agora: Escrevi mais de 2000 (dois mil artigos jornalísticos entre
Contos, Crônicas, Ensaios e o MOMENTO SINGULAR que me emocionou bastante foi
REPRODUZIR ou tentar reproduzir uma emoção de meu filho DIMITRIUS MACHADO DE
CARVALHO quando ele tinha 12 anos.
REPRODUÇÃO
Carta à Vovó na Rua das Estrelas
Dimitrius Machado (12 anos)
“EU sou um menino franzino,
superei três desidratações, tenho 12 anos sou paraense e meus Pais separados.
Sou
evangélico e Deus preparou para mim tribulações que não consigo entender. Tenho
um irmão que é mais velho que eu seis anos e sinto falta de alguém de minha
idade. Por isso transfiro meu carinho aos meus animais: uma cadela vira-lata e
um pássaro que faleceu recentemente. Eu me chamo Dimitrius de Carvalho, nasci
no dia 07 de abril de 1989, no Dia Internacional da saúde. Creio que foi por
isso que sobrevivi. Estou escrevendo esta Carta a minha Avó, que mora longe,
mora no Céu, na Rua das Estrelas, próximo a estrada da Luz e o número é 2001.
Quando
cheguei a Macapá minha Avó não tinha memória e estava muito doente. Não podia
brincar comigo, meu coração se apertava e mais uma vez, eu não entendia o que
se passava. Quando esta Carta chegar ao seu destino, quero que Vovó me dê
notícias porque estou muito ansioso.
Vovó
Bebel (Izabel Machado) no teu País será que tem correio e o Senhor que manda lá
te deixa escrever?
Vovó
eu tenho tantas perguntas que esta Carta não vai dar para te dizer, porque o
espaço é pequeno. Eu tenho tantas saudades, gostaria de passear contigo, andar
pelas calçadas segurando tua mão, escutar tuas broncas e quando triste deitar
no teu colo e pedir um cafuné.
Vovó
quase um Anjo me leva, mas, ele me deixou e tu fostes no meu lugar.
Vovó
várias vezes eu senti tua presença; quando a chuva cai, eu sei que tu choras, e
quando o Sol brilha sei que estás feliz.
Vovó
nessa Carta caiu minha lagrima e eu sei que tu sabes onde ela está, é aqui
nesta parte que está manchada de branco.
Vovó
vou terminar e quero te agradecer porque tu me mandaste um sinal mais rápido
que o correio. São 20 horas e quando olhei para o alto a estrela de maior
brilho me sorriu, agora vou dormir porque sei que aquela estrela eras tu.
E
amanhã quando eu acordar, não me sentirei só porque tenho meu cachorro por
companhia, e lá de cima sei que estás a nos proteger e que ao teu lado está meu
papagaio que te alegra com o seu canto todos os dias.
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Se
alguém me perguntar se chorei, é claro que chorei. (Neca Machado)